Características do território
As Terras de Santa Maria inscrevem-se numa longa e faixa no norte do país, entre o litoral marcadamente urbano e o interior rural. É um território onde se verificam algumas debilidades ao nível do contexto demográfico. Contudo, trata-se de uma zona com características ambientais e naturais, aliadas ao património rural e a uma identidade com história, que potenciam o desenvolvimento do território ao nível do turismo, cultura, lazer e outros negócios de base local.
Atravessado por montanhas e vales, revestidos de grandes manchas florestais e pequenos terrenos agrícolas, este território é rendilhado por abundantes recursos hídricos que determinaram o seu património e a excelência da sua gastronomia, associado aos moinhos e à panificação, à lampreia e ao sável do Douro e do Vouga.
Património Gastronómico
É neste cenário, em que parte integra a área geográfica onde se produz a Carne Arouquesa – DOP, que encontramos hortas e campos de cereais, que a par dos bovinos de raça Arouquesa, completam a variada gastronomia das Terras de Santa Maria. A carne arouquesa, sendo muito suculenta, torna-se particularmente apta para ser assada na brasa (em posta ou costeleta), grelhada em bifes ou ainda assada em forno de cozer pão. A Vitela Assada no Forno a Lenha, acompanhada com arroz no forno, constitui uma das especialidades mais apreciadas da zona.
Gondomar, para além da sua notável indústria de ourivesaria, apresentou sempre um significativo desenvolvimento na área da pecuária e do cultivo de produtos hortícolas tradicionalmente exportados para o Porto. O seu solo fertilíssimo permitiu a valorização dos produtos da terra, com especial destaque para os nabos com que tradicionalmente se prepara um caldo que constituía um “alimento natural que fortalecia os trabalhadores nos longos e árduos dias de trabalho nos campos”.
O Caldo de Nabos de Gondomar é um prato energético, outrora muito consumido pelos lavradores da região. Mas este é um território também fortemente marcada pela presença do rio Douro, onde no período compreendido entre janeiro e abril se pesca o sável e a lampreia, dando lugar a especialidades gastronómicas locais de que se destacam a Lampreia à Bordalesa, o Arroz de Lampreia, o Sável no Espeto e a Açorda de Milharas.
A abundância de água dos cursos dos rios Leça e Ferreira e a fertilidade do solo contribuíram, desde os tempos mais remotos, para a fixação de povos na região de Valongo, e para um significativo aumento demográfico posterior, que deu origem ao desenvolvimento da economia local. Aí se inscreve o aproveitamento económico dos cursos de água, através dos moinhos, base duma relevante indústria panificadora tradicional. Esta é uma atividade que remonta à Baixa Idade Média, tendo-se desenvolvido ao longo dos tempos de forma constante.
A quantidade e qualidade do fabrico de pão de trigo fez Valongo ser conhecida
como a Terra da Regueifa e do Biscoito, tendo abastecido o Porto entre os séculos XVI e XX.
Em Valongo, a produção excessiva para o consumo ou as quebras na venda podem estar na origem de criações culinárias locais que utilizam o pão seco. Em Valongo são particularmente tradicionais as Sopas Secas e o Pudim de Pão.
Um dos ex-libris da região é o Pão de Ul, nome que lhe advém da freguesia de Ul, concelho de Oliveira de Azeméis. Trata-se de uma região com vários riachos, o que a tornou propícia à existência de moinhos de água utilizados para moer o trigo, propiciando o posterior aparecimento de padarias. Atualmente já não se utiliza os moinhos que também serviram para o descasque do arroz, mas o Pão de Ul continua a ser fabricado de acordo com as técnicas ancestrais. É precisamente a técnica de confeção que o torna um produto único, que tem despertado a curiosidade de inúmeros turistas que visitam a freguesia, embora a sua produção atual tenha atualmente uma dimensão reduzida.
A Fogaça da Feira é um pão doce, típico de Santa Maria da Feira. As primeiras referências conhecidas a este doce aparecem nas inquirições de D. Afonso III, no século XIII, onde é indicado que se utilizavam as fogaças para pagamento de foros.
O formato da fogaça estiliza a torre de menagem do castelo com os seus quatro coruchéus. A fogaça é cozida diariamente em várias casas de fabrico do concelho, sendo a respetiva massa preparada à base de água, fermento, farinha, ovos, manteiga, açúcar e sal.
Em Espinho, destacam-se os pratos de peixe fresco, capturados diariamente pelos pescadores locais, como a tradicional caldeirada de peixe e as sardinhas assadas na brasa, simples e deliciosas. Em Vila Nova de Gaia, o ponto alto é o famoso vinho do Porto, produzido e envelhecido nas caves ao longo das margens do Rio Douro. As caves de vinho do Porto oferecem visitas guiadas e degustações, permitindo aos visitantes explorar a história e os sabores deste vinho icónico. No Porto, a gastronomia é uma celebração da rica tradição culinária portuguesa, com destaque para as famosas tripas à moda do Porto.
A história de São João da Madeira é profundamente marcada pela sua indústria do calçado e da chapelaria, que moldaram a identidade da cidade ao longo dos anos. Hoje, além do seu legado industrial, a cidade também se destaca pela sua criatividade e inovação. Neste contexto, emerge uma tradição gastronômica única em São João da Madeira, que reflete as formas e tradições da sua indústria. Essa tradição culinária, conhecida como “Gastroformas”, combina elementos da sua herança industrial com sabores tradicionais, como a cenoura e o coelho, que remetem à indústria chapeleira.